domingo, 9 de dezembro de 2012

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

terça-feira, 9 de outubro de 2012

sábado, 22 de setembro de 2012

O carro de corrida do dindo

Desenho presenteado a Igor Drawanz por sua afilhada Isabela
Enquanto muitos por aí seguem preocupados com a arrancada e discutem como fazer para que seja uma modalidade reconhecida como esporte de fato, preocupando-se com regulamentos, categorias e pormenores obscuros, acabamos perdendo o foco das questões realmente importantes.

Não são os regulamentos, os custos, a qualidade da infraestrutura ou o descaso da tv que impedem a arrancada de realizar seu potencial enquanto esporte. Somos nós mesmos.

Todo o esporte atual que almeja crescer, precisa pensar em ser muito mais que um mero hobby. Cada prova precisa ter relevância para mais pessoas do que apenas aqueles que estão dentro dos carros. As competições precisam ser eventos de interesse amplo, com muito mais interseção com as comunidades em geral.
 
Os fãs mais ardorosos que me perdoem, mas verdade seja dita: Hoje o piloto de arrancada não é ninguém. Não há nenhum piloto, preparador ou personalidade do nosso esporte que seja reconhecido fora dos círculos da arrancada. O Sandro Bruno não dá autógrafos na fila do supermercado, o Alejandro Sanches não está na embalagem de sucrilhos e o Scort não aparece no comercial de tv da GoodYear.

Mas não é culpa deles. Não acredito que isso tenha alguma coisa a ver com suas conquistas, jeito de ser ou suas qualidades como pessoas. O fato é que pilotos de arrancada não são convidados para shows de variedades, não aparecem em comerciais e não tem fã-clubes. Pilotos de arrancada não são personalidades públicas, pois hoje a arrancada não é vitrine. Não importa o quanto nós sejamos apaixonados, é preciso reconhecer a realidade sem megalomania, sem ilusão.

Mas apesar disso, acredito que a arrancada tem um enorme potencial como entretenimento esportivo de massa. Seus atributos como simplicidade da competição, disputa com o embate direto entre dois pilotos e a vitória clara e imediata por resultado e não por julgamento são extremamente atraentes a uma parcela enorme das pessoas que buscam entretenimento para preencher um final de semana ou até mesmo uma pequena parte de seu imaginário.

Some-se a isso tudo a paixão por automóveis, a violência das arrancadas, o som dos motores, o cheiro característico de pneus e combustível, o fogo dos escapamentos... Para alguns, só essas palavras já causarão arrepios.

Este é um esporte lindo, que valoriza a coragem e habilidade dos pilotos, mas também a inteligência e capacidade dos preparadores. E não podemos esquecer que os pilotos de carros realmente rápidos arriscam a vida a cada arrancada. É um esporte físico, mental e visceral.

Tenho certeza absoluta de que os promotores de muitos "esportes grandes" gostariam de ter em suas modalidades estes atributos, pois são de um apelo realmente apaixonante. E ainda assim, a arrancada está onde está, com o status de automobilismo de segunda linha, ou ainda pior: Mera diversão de uns caras lá, que tem dinheiro sobrando para "brincar de carrinho" no final de semana.

Como reverter isso? É a grande questão. Mas uma coisa é certa: Quando as pessoas de fora da arrancada passarem a admirar seus praticantes e reconhecer neles as qualidades dos esportistas, ao invés de serem indiferentes às "brincadeiras de final de semana" desses caras que ficam jogando dinheiro fora com "futilidades", as coisas vão começar a mudar.

Você já parou para pensar se o seu carro de corrida é importante para alguém além de você mesmo?

Igor Drawanz, seu Dodge e a criançada



domingo, 9 de setembro de 2012

Não fuja XV


Esse vai em homenagem aos amigos dos blogs de fuscas. Não deixe de visitar a "barra de blogs de fuscas" no rodapé do 1320!

domingo, 2 de setembro de 2012

Elly vence no SUPER 16


 

Para quem não o conhece, Elly é um "coroa" muito gente fina, mecânico de profissão e apaixonado pela arrancada. Chevetteiro de carteirinha, já acelerou em diversas pistas e noutras épocas, até mesmo na rua com seu Chevette carinhosamente apelidado de "Marrom". No decorrer dos anos o piloto e mecânico foi adquirindo experiência e conhecimento e o carro foi sendo aprimorado na mesma medida. Chegou a seu ápice no ano de 2011, quando recebeu uma preparação full race, que muitos chamariam de "força livre".


Em substituição ao motor de Chevette, o carro recebeu um C20XE de Calibra. O antigo monobloco de rua recebeu gaiola de proteção, suspensão de competição, eixo traseiro encurtado e pneus drag de 10 polegadas de largura na traseira, tornando-se um legítimo carro de arrancadas.


A mudança no rendimento e comportamento do carro foi grande e Elly teve de se readaptar na pilotagem do Marrom. Mas quando estava pegando o jeito, um acidente interrompeu a evolução do Chevette: Por conta de uma quebra no volante do motor o carro perdeu os freios e a direção e acabou capotando no barranco de Tarumã. Como se não fosse o bastante, ainda pegou fogo e com isso o monobloco virou sucata.



Por sorte Elly não se feriu gravemente no acidente, mas os prejuízos materiais foram consideráveis. Poucos realmente entendem o que vou escrever agora, mas lá vai, assim mesmo: O pior provavelmente foi ver seu Chevette velho de guerra acabado e sem possibilidade de recuperação. Palavras do próprio Elly: "Foram anos de arrancadas com esse carro e a perda me trouxe grande tristeza, pois já era quase um membro da família".


O querido Chevette acabou virando uma churrasqueira, mas após algum tempo Elly e sua equipe reapareceram na cena com um novo carro: Uma Marajó com o motor do antigo, com uma preparação bastante semelhante. E no vidro lateral traseiro, um adesivo bem humorado com flechas apontando para o teto e os seguintes dizeres: "este lado para cima".


Elly estava de volta às pistas com um carro tão bom ou até melhor que o anterior. E agora a evolução continuaria o seu caminho: Com cuidado redobrado, o piloto retomou os pegas, agora com pressão de turbo mais baixa, para "pegar o jeito" da Maroca, apelido carinhoso dado ao novo carro.

Por várias noites vi a Marajó e sua equipe treinando no Racha Tarumã. A cada arrancada Elly ganhava confiança e os tempos começavam a baixar. Tudo como tem de ser. Era hora de aumentar a pressão de turbo e liberar os cavalos do poderoso GM 16V. Logo na primeira puxada qualquer um já podia ver a diferença: A Marajó pulava para frente com muito mais fúria, mostrando que tinha máquina para competir.

Então, no último treino antes da prova o destino atacou novamente: A força do motor torceu o eixo cardã de Blazer V6. Os cacos do eixo voaram pela pista, arrebentando a carcaça da caixa e o bloco do motor. Ainda tiveram impulso suficiente para atingir o outro carro na pista, bem no meio do para-brisas. Por sorte o vidro laminado absorveu o impacto e o outro piloto não se feriu.


Faltando 7 dias para a prova o carro não tinha mais motor, caixa de câmbio e nem eixo de transmissão. Elly não é feito de dinheiro e tudo parecia acabado. Foi aí que entrou em cena o Raul, amigo e companheiro de equipe, proprietário da oficina Raul Car. O grupo abaixou a cabeça e trabalhou, desmontando tudo, soldando as peças quebradas e refazendo o carro em tempo recorde.

Para as peças que não puderam ser consertadas, Elly quebrou o cofrinho e segundo ele próprio "raspou as contas no banco". O resultado foi que no domingo da corrida lá estava a equipe, a Marajó e o piloto, prontos para a briga.

Competindo contra outros 130 carros, Elly conseguiu classificar a Marajó em 19o, com o tempo de pista de 8,6 em 250 metros. Conseguiu a 4a vaga no SUPER16.

Rodada após rodada foi vencendo as eliminatórias e avançando na chave, até a final, que disputou contra o Ricardo "FINOLA" Muller. Finola consegue largar na frente, mas Elly está calmo e confiante que seu motor turbinado é capaz de tirar a diferença. Quando engata a terceira marcha o carro sai de lado, mas Elly segura a pequena wagon em linha reta e garante a vitória com apenas 0,136 segundos de vantagem.






Na hora da premiação, Elly deixou transparecer as emoções, típica atitude de quem trabalhou muito para chegar ao sucesso e ao lugar mais alto do pódio. E essa vitória reflete a participação de um piloto determinado que superou inúmeras dificuldades para poder participar da prova com um carro competitivo.


Esse tipo de atitude é o que faz um esporte ser grande, pois a arrancada não vive de carros maravilhosos que só entram na pista quando tem tudo em perfeitas condições, para bater um recorde absurdo ou arrebentar o carro no muro tentando.


Para termos boas competições de arrancada, em primeiro lugar precisamos os carros constantemente na pista e os pilotos comprometidos com as vitórias, que não são construídas apenas nas 5 puxadas da eliminatória de 16 carros, mas sim em todos os dias na oficina construindo e aperfeiçoando a máquina. Todos os dias de treino na pista treinando e refinando o acerto. Todas as noites em que os pilotos passam em claro sonhando com aquilo que planejam realizar.

E o Elly é o perfeito exemplo de um piloto que evolui através da constante participação nas provas. É de mais pilotos como ele que a arrancada precisa.



terça-feira, 28 de agosto de 2012

Opaleiros vs Veoiteiros: 6>8?


Uma das grandes rivalidades da arrancada e do mundo da performance no Brasil é a briga entre opaleiros e veioiteiros.

Para o pessoal dos 4 cilindros ambos são os "puxadores de trailers" e muitos mal sabem a diferença entre um e outro. Mas entre eles, confundir 6 cilindros com V8 é considerado ofensa mortal. São como times de futebol e inclusive é considerado desonra virar a casaca!


No DESAFIO250 tivemos grande participação de diversos representantes das duas irmandades, o que se tornou um bom termômetro para saber quem é quem no mundo da performance no sul do país. Essa disputa é interessante, pois são "carros de verdade, de gente de verdade". São os carros da galera que curte e mantém seus carros porque realmente gostam. São carros como paixão, antes de serem uma pura ferramenta de velocidade. E nessas rodas sempre há as discussões sobre qual o melhor carro, quem andaria mais numa competição.... Pois bem, no dia 5 de agosto de 2012 chegou a hora da verdade e no OUTLAW, quem pode mais chora menos.

Um dos pegas mais aplaudidos do dia foi o acelera entre Marcelo Pires com seu Dodge verde com nitro, contra Douglas Carbonera com sua C10 "Bigorna Voadora" equipada com motor 6 cilindros GM e 2 garrafas de nitro. Veja o resultado no video:




O pega foi bonito, Douglas teve excelente reação, mas apesar de resistir bravamente, o peso da bigorna não permitiu que a pick up GM conseguisse segurar a distância que abriu na largada e a vitória foi para o time do V8.

Mas o dia seria longo e muitas disputas estavam para ocorrer. E os resultados de cada grupo seriam expressos como um todo pela lista final de tempos, na qual os 30 pilotos mais rápidos seriam classificados para a próxima fase, a das eliminatórias.

 CLIQUE AQUI PARA VER A LISTA COM TODOS OS TEMPOS

Entre os 30 mais rápidos, tivemos apenas um V8, o mesmo Dodge de Marcelo Pires da MAP Racing, que classificou-se em 28o, mas infelizmente não pode participar, com problemas mecânicos que teve na puxada em que venceu a C10.
 
Já entre os opaleiros, tivemos Douglas Carbonera em 30o, George Dewes com seu Opala aspirado em 23o, Luciano Piucco Lopes com sua Caravan aspirada em 16o, Sandro Luiz Melo também com um Opala, em 14o, Leandro Rosa Hepp, com seu Opala turbo em 10o e Anderson Canani com seu Opala aspirado em 9o, com o 6 cilindros mais bem colocado da prova.


Seis opaleiros contra apenas um veotieiro nos top 30... Tres Opalas no TOP16 contra nenhum V8...É uma bela diferença.

No total, participando da prova tivemos 12 carros com o 6 cilindros GM e 7 carros com motores V8 das marcas Dodge e Ford. Ou seja, os opaleiros não só obtiveram melhores resultados, como também trouxeram mais carros para a pista.

Em defesa dos V8, me obrigo a dizer que vieram num animado grupo e trouxeram carros muito bonitos. Fizeram a festa da galera e se divertiram muito também, o que são dois dos principais propósitos do evento. Mas no que diz respeito à rivalidade... Nesse DESAFIO250, mais do que nunca, 6 foi > que 8.


Ao final do dia, entre os dois grupos, Canani foi o piloto que levou Opala mais longe na disputa, chegando às quartas de final, onde foi derrotado pelo Fusca de Daniel "PIPINO" Moresco, que acabou vencendo o evento.

CLIQUE AQUI PARA VER A CHAVE DO TOP16

Será que na próxima a galera do motor em V vai organizar uma reação? Quem viver, verá!




domingo, 26 de agosto de 2012

Ranking Associação Desafio de vencedores

Daniel "PIPINO" Moresco recebendo seu cheque da premiação de contingência. O cheque não conta no ranking de premiação, mas assim mesmo Pipino pulou para a segunda posição, aumentando seu total computavel em R$800,00.

A cada vitória em eliminatórias, os pilotos recebem premiação em dinheiro. Criamos um ranking para demonstrar quais os pilotos mais premiados. Cada vitória no SUPER16 vale R$50,00 e cada vitória no TOP16 vale R$100,00. Na final os pilotos vencedores recebem R$200,00 e R$500,00 respectivamente.

O maior pontuador do D250 foi o Pipino, com R$800,00 seguido por Elly Miranda chaves com R$350,00, Valdenir "VÉIO" de Borba com R$300,00 e outros 13 pilotos, somando um total de R$ 2800 entregues aos pilotos, fora os prêmios extras.

Confira como ficou o ranking após o DESAFIO 250: 


1 - Marcio "CPEL" Freitas - R$1700,00
2 - Daniel "PIPINO" Moresco - R$1500,00
3 - Anderson "BOCA"  Martins - R$1300,00 
3 - Valdenir "VÉIO" de Borba - R$1300,00
4 - Rafael "NENE" Andreis - R$1250,00
5 - Braulio Rocha - R$1000,00
6 - Alex Machado - R$900,00
6 - Alexandre Kroeff - R$900,00
7 - Paulo Rebelo - R$800,00
8 - Sergio Fontes - R$600,00
9 - Daniel Machado - R$500,00
9 - Gustavo Stock - R$500,00
10 - George Dewes - R$350,00  
10 - Elly Miranda Chaves - R$350,00
10 - Leonardo Betat - R$350,00
11 - Jalmo Peyrot - R$300,00
11 - Alexandre Martins Neto - R$300,00
11 - Darcio Ribeiro - R$300,00
12 - Fabio Benassi - R$200,00
12 - Leonardo Flores - R$200,00
12 - Fabricio Chicon - R$200,00
12 - Jorge Pinheiro Junior - R$200,00
13 - Ariano Avila - R$150,00
13 - Silvio Tesch - R$150,00 
13 - Ricardo "FINOLA" Muller - R$150,00
14 - Diego Jones dos Reis - R$100,00
14 - Bruno Pianca - R$100,00
14 - Douglas Carbonera - R$100,00
14 - Leandro Fraga - R$100,00
14 - Igor Mario Dias - R$100,00
14 - Dimas Lara - R$100,00
14 - Gilberto Quadros - R$100,00
14 - Roger Condotta - R$100,00
14 - Guillermo Artigas - R$100,00
14 - Roberto Ramos - R$100,00
14 - Fabio Andreis - R$100,00
14 - Rodrigo Longhi - R$100,00
14 - Diogo Silva - R$100,00
14 - Willians Spolavori - R$100,00
14 - Everton "ET" de Carvalho - R$100,00 
14 - Rogério Rosa da Rosa - R$100,00 
15 - Anderson Canani - R$100,00 
16 - Rodrigo Junqueira - R$50,00
16 - Carlos Alberto de Carvalho - R$50,00
16 - Vanderson "FOFO" Magnanti - R$50,00



quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O renascimento de um esporte através de suas raízes

Vanderson "FOFO" Magnanti e seu Fusca a ar no pega contra  Douglas Carbonera com sua bigorna voadora: Cada louco com sua mania. Mas como disse Raul Seixas, o famoso Maluco Beleza: "O sonho do careta é a realidade do maluco".

"Ok, ok... Tinha gente assistindo, já entendemos, mais de cinco mil pessoas. Mas gente tem também em outros eventos de arrancada. O que faz do Desafio 250 algo tão especial?"
Bem, há quem não entenda a diferença, mas ela existe. A arrancada é um esporte, ao menos é o que todo mundo desse meio diz. Mas o que define esporte?

"Esporte é uma atividade física ou mental sujeita a determinados regulamentos e que visa a competição entre praticantes. Para ser esporte tem de haver envolvimento de habilidades e capacidades motoras, regras instituídas e competitividade entre opostos."

Competitividade entre opostos... Na arrancada tradicional, até pode existir competitividade, mas será que ela é entre opostos?

Como podemos ter opostos competindo quando categorias nivelam todos pelas mesmas regras? Se todos tem de fazer as mesmas coisas por obrigação de regulamento? Como podemos ter uma competitividade entre diferentes - afinal, é necessário ser diametralmente diferente para poder estar do lado oposto - quando só podemos competir com nossos iguais?

Arrancada não nasceu assim. Bem pelo contrário, nasceu justamente da briga entre os opostos. Vencer a outra marca de carros sempre foi o maior motor de toda a competição automobilística. Cada oficina, cada preparador, cada grupo de pessoas tem suas preferências. E unidos por esse gosto em comum, lutam contra os outros que acreditam no diferente.

Vivemos um momento no Brasil, em que nada se destaca na arrancada. Se analisarmos friamente os tempos do último TOP16, podemos ver que praticamente qualquer tipo de carro ou preparação tem o potencial para brigar. Alguns compram a briga, outros dão desculpas. E outros simplesmente não são de briga. Mas o fato é que há chance real para todos e com isso vemos o retorno às raízes do esporte.

Vemos pilotos e preparadores acreditando que é possível não somente vencer, mas vencer do seu jeito. Uns querem vencer a bordo de um Chevette, mas tem que ter motor de Chevette. Esse não é o melhor motor, todos sabem. Mas um chevetteiro de coração fará tudo para provar ao mundo que ele é. E muitos o admirarão por isso. 

Outros querem vencer com um motor aspirado, outros com um carro mais pesado. Uns querem ver um Opala na frente, outros um V8. Alguns insistem em correr com a tração nas rodas erradas e outros se apegam a motores antiquados. E cada uma dessas preferências tem seus próprios simpatizantes.  

Não importa o que é melhor, importa o que você quer que seja o melhor e até que ponto você está disposto a se empenhar para colocar o carro que você ama acima de todos os outros.

Isso é arrancada: O orgulho de fazer o seu carro do seu jeito. É acreditar que dá, mesmo quando não tem as melhores cartas. Isso é o que faz da arrancada um esporte tão especial e diferente. Isso é o que faz da arrancada uma paixão.

E quando você luta com paixão, sempre haverá arquibancada cheia. Pois embora muitos sonhem, poucos tem a coragem de tentar transformar o sonho em realidade. Por isso mesmo, aqueles que conseguem se tornam ídolos.



domingo, 12 de agosto de 2012

Um dia para ficar na história: Cinco mil heróis em Tarumã


Já faz uma semana que foi realizada a prova DESAFIO 250 em Tarumã. Está é a primeira postagem aqui do 1320 sobre o assunto, mas por enquanto não vamos falar de vencedores. Nem da emoção da competição ou do ponto de encontro de amigos e apaixonados por automobilismo, performance e arrancada que se tornou o evento. Vamos falar de algo inédito, histórico e muito mais importante: O público.

Mais de cinco mil pessoas estiveram em Tarumã - apesar das feias nuvens e do céu enferrujado, que davam toda a impressão de que desandariam num frio e chato domingo chuvoso do inverno gaúcho. Mais de cinco mil pessoas sairam de suas casas, vindas de toda a região sul para uma prova de arrancada que está fora de todos os calendários citadinos, estaduais ou nacionais. Uma prova na qual não foi investido sequer um centavo em mídia. Nem TV, nem rádio, nem carros com alto-falantes. Nada de faixas, nem o apoio de qualquer grande empresa.

Então quem são essas pessoas? Por que vieram? E como ficaram sabendo que haveria evento em primeiro lugar?


O público do DESAFIO 250 foi um show a parte. Não só aficionados por carros, mas também famílias, crianças, pessoas de fora do circulo tradicional do automobilismo de arrancada. A prova trouxe visibilidade para o esporte em outros nichos demográficos. O DESAFIO 250 ampliou o universo de pessoas que se dispõe a gastar um domingo assistindo nosso esporte, ao invés de assistir futebol, televisão, viajar ou fazer seu churrasquinho em casa com os amigos.

Este é um grande passo para a Desafio, os autódromos e sobretudo o esporte. Conquistar público é promover a arrancada de um simples divertimento de alguns poucos pilotos a um novo patamar, no qual o esporte se lança como uma opção real de entretenimento de massa.

O leitor pode se perguntar: "Tudo isso por causa de cinco mil pessoas?"

Mas devemos analisar bem os fatos. Cinco mil pessoas vindas dos mais diversos lugares do Brasil. Veio gente de Goiânia, Poços de Caldas, São Paulo e praticamente todas as cidades do sul, com grandes comitivas da serra gaúcha, litoral norte, região de Pelotas, região metropolitana e várias cidades de Santa Catarina.

Cinco mil pessoas que demonstraram seu apoio incondicional ao evento, comparecendo mesmo tendo quase certeza de que o domingo seria de chuva, o que todos sabem que gera o automático cancelamento da prova por razões de segurança.

Cinco mil pessoas que tomaram conhecimento da prova através de uma divulgação boca a boca moderna, pela internet. E que nesse novo sistema assumiram um papel mais ativo, agindo não só como público, mas como promotores e divulgadores do evento, sem a necessidade de nenhuma promoção oferecendo brindes a quem compartilhasse.


Cinco mil pessoas que vieram para a pista com o claro objetivo de assistir uma corrida de arrancada de verdade, na qual pudessem torcer para seu preferido e assitir na integra uma prova que tivesse começo, meio e fim.

E até o final ficaram, podendo assim dar os parabéns aos vencedores que mesmo sendo veteranos, pela primeira vez puderam entender como é sentir o carinho do público e a emoção de ter cinco mil pessoas aplaudindo-os de pé por aquilo que estavam realizando como esportistas.

Sabemos que eles entenderam, pois não conseguiram conter as lágrimas no momento da entrega dos prêmios. E no momento da vitória do Daniel "Pipino" Moresco o autódromo estremeceu com a galera gritando e batucando como se fosse um gol no Gre-Nal.

Esse público é o que pode fazer a diferença entre a arrancada ser para sempre um simples divertimento de poucos ou um eletrizante esporte para muitos.

Transformar a arrancada num esporte de fato  ainda é apenas um sonho, mas como disse Raul Seixas:

"Sonho que se sonha só é só um sonho. Sonho que se sonha junto é realidade."


quinta-feira, 9 de agosto de 2012

sábado, 14 de julho de 2012

Davi Lai e sua inominável Brasília turbo



Vivemos uma cultura automotiva contemporânea que em grande parte é feita de termos. Pra tudo tem um nome e pra muitos estes nomes são sagrados. "Hot rod" não pode ser mais usado como em sua origem, para designar um carro envenenado. Somente pode ser aplicado para carros de determinada época e procedência.

Da mesma forma temos o "rat rod". Não é um termo que designa carros "ratões" (rat é rato) feitos com restos, mas sim uma palavra para definir carros que são montados cuidadosamente para "parecerem ter sido feitos com restos".

Mas e se o carro é realmente envenenado e feito com restos? Como chamá-lo? Resto-rod? Se você digitar isso no google, vai descobrir que esse termo também já foi "patenteado", para designar carros restaurados e envenenados, sendo o "resto" de "restoration", restauração em inglês.

Ou seja: O que o Davi Lai fez é, pelos padrões de hoje, literalmente inominável. Davi não quis fazer um carro que se parecesse com nada, (ainda que a frente tenha ficado estranhamente parecida com algum Citröen) só quis fazer um carro de corridas para acelerar em Tarumã.

Não há porque tapar o sol com a peneira, todos podem ver que Davi é um cara financeiramente humilde. E a Brasília... Bem, o aspecto visual da "brasa" é no mínimo um terror. Mas o que lhe falta em grana, sobra em determinação. Por bizarro que seja o visual da coisa, ela tem gaiola de proteção, motor turbo e recentemente até mesmo injeção eletrônica FuelTech.

E com os upgrades, os tempos vem baixando e chegaram a um nível tal que lhe conferiram respeito, pois não são apenas tempos bons "para um carro assim". São tempos mais baixos do que o da maioria dos competidores!

Assim a Brasília apelidada de "viper" (porque vai perdendo as peças) pelo próprio narrador do Racha em Tarumã e seu preparador/piloto angariam a simpatia dos espectadores. E a razão é simples: O Davi representa o fato de que qualquer pessoa com talento e determinação pode participar de uma corrida e ter bons resultados mesmo sem ter muita grana.

Davi é um personagem quase caricato: Para uns é apenas o piloto daquela Brasília medonha, mas para outros ele é quase um herói, exemplo de determinação, raça e inventividade.

Para mim, nem tanto ao céu, nem tanto à terra. Apenas um cara comum, que assim como todos os outros trabalha com aquilo de que dispõe e está lá para mostrar que existem muitas maneiras de fazer as coisas, atingir resultados e conquistar a simpatia do publico e o respeito dos outros competidores.

Se você quer ver como o nosso anti-herói vai se sair contra os outros competidores, vá para Tarumã no dia 05 de agosto e assista o Desafio 250, pois ele já está inscrito!







quarta-feira, 11 de julho de 2012

Você sabe o que é match race?



Douglas Carbonera e Luciano Nichetti vão correr um match race em Tarumã, no dia 5 de agosto, no DESAFIO 250. Mas... Você sabe o que é match race?

Match race nada mais é do que um acelera com data marcada. É quando dois pilotos se desafiam para uma arrancada, um verdadeiro racha, só que dentro de uma pista de competição. É a essência da arrancada, é o que deu origem ao esporte.

E você sabe quem são Douglas Carbonera e Luciano Nichetti?

Se você conhece arrancada, no mínimo já deve ter ouvido falar esses nomes. São dois pilotos bastante conhecidos e donos de diversas vitórias e recordes nas competições por categorias. Além disso, os dois juntos foram pioneiros ao formar uma equipe para competir fora do Brasil, com Carbonera nos bastidores e Nichetti ao volante do Chevy Cobalt, um 4 cilindros com cerca de 1400 cv de potência que é um dos carros de tração dianteira mais rápidos do mundo, andando na casa de 7 segundos baixos em 402 metros!

Cobalt com a bandeira brasileira: Correndo nos states.

No Brasil, Luciano é mais conhecido por pilotar carros da categoria Força Livre Dianteira. Seu Gol atingiu marcas na casa de 9 segundos baixos.

Gol força livre de Nichetti
Douglas por sua vez é o homem dos Opalas, como não poderia deixar de ser, já que o cara é da serra, tradicional reduto de gringos opaleiros. Montou um belíssimo Opala turbo amarelo que chegou a andar na casa de 8 segundos pela extinta categoria Stock. Além disso, também possui um Opala aspirado, com o qual competiu e venceu provas na categoria STT e até fez uma participação na ND2 no ano de 2010.

Opala turbo monstro de Carbonera
Carbonera correndo em Tarumã na ND2 em 2010: Foi bem, mas abandonou.

E os dois amigos começaram de brincadeira uma provocação, que surgiu da rivalidade natural dos turbeiros com os opaleiros. A brincadeira foi crescendo e foi marcado o match race. Luciano Nichetti irá competir com um Audi S2 4x4 turbo de 5 cilindros e Douglas Carbonera com uma C10 de 6 cilindros aspirada com nitro. Apesar de nenhum dos dois pretender participar com suas "top guns", no decorrer das provocações online algumas coisas interessantes começaram a acontecer...

C10 6 cilindros aspirada com nitro
Audi S2 5 cilindros 4x4 turbo
Ambos carros estavam montados, prontos para andar. Mas nenhum querendo perder para o outro, começaram as modificações. Foram surgindo fotos e mais fotos de turbinas, bielas, carburadores, garrafas, embreagens, pneus... Todas as armas possíveis e imagináveis para não perder a batalha.

Carburadores e nitro para a C10
M/Ts gigantes para a C10
Embreagem gringa para a S2
Turbinão, pistões e bielas para a S2
 Se tornou uma guerra de ideologias, cada um apostando no tipo de carro que gosta e na preparação em que acredita. E quando as coisas chegam a esse ponto, a derrota começa a doer. E assim mesmo é que deve ser, pois não se vai a uma corrida para medir um tempo, mas sim para sentir-se vivo. Perder para um carro similar pode ser a derrota da pilotagem ou da preparação. Mas perder dessa forma é a derrota moral de tudo aquilo em que se acredita como piloto, como hot rodder e em ultima instância, como pessoa.

Quando as coisas chegam nesse ponto, não há vitória ou derrota apática. O que quer que ocorra, será intenso e ficará para sempre na memória não só dos dois, mas de muitos outros que estarão vendo a mais genuína forma de competição de arrancada que existe: Competir por aquilo em que se acredita.

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